Rascunho da Sobrevivência no Porto da Esperança – Maria Eleonora Barbosa Mello (Psicanalista SPRJ)

Estamos vivendo num mundo estranho com a chegada de um estrangeiro, o COVID-19. O nosso porto seguro escapou, deixando-nos assombrados, à deriva, sem bóia. Precisamos de um manual do náufrago para realizar esta travessia, trágica, para um novo porto. A meu ver, a esperança é uma aliada, cúmplice, subversiva, para nutrir a força da vida, presente em cada um de nós, no desejo de viver, suprindo a dor da impotência frente à morte anunciada por um vírus, sempre invisível, traiçoeiro, implacável.

A eterna luta, eros x thanatos, o desespero da Barca da Morte. O agente secreto invisível x o encontro humano, independente de credo, raça, cor. Escolhemos a VIDA. A dor imperativa pode e deve fazer parte do esquecimento. Acreditamos na ciência, seus determinantes, na sua busca da verdade, travestindo todos nós em cientistas ávidos por um mundo novo mais humano, mais humilde, mais transparente, onde os arrogantes serão forçados a uma retirada de cena.

A ideologia do triunfo a qualquer preço não terá mais espaço, e sim a vitória, sempre justa. O tempo será redescoberto num novo espaço. Se não podemos abolir a memória da dor, podemos sim transforma-la numa cicatriz.

Maria Eleonora Barbosa Mello (Psicanalista SPRJ)

 

(O material publicado é de responsabilidade única de seu autor)

Deixe um comentário