Laura Ferreira (Membro do IEP/SPRJ)

Acabo de ler uma entrevista do sociólogo francês Edgar Morin, que do alto dos seus quase cem anos e a despeito de fazer parte do grupo com maior risco, nos traz uma visão otimista. Como pode que isolados estejamos mais próximos do que nunca? As incertezas e o medo que nos assolam neste momento de pandemia, nos remetem à condição humana e, subitamente, estamos todos no mesmo barco!

É tempo de restaurar o humanismo. Segundo Morin, além da solidariedade humana, o humanismo é o que nos faz sentir parte integrante de uma jornada desconhecida e fascinante. Essa aventura é própria do humano e nunca deixou de existir, mas estava escondida pelos afazeres do dia a dia, as prioridades nem sempre verdadeiras que a sociedade contemporânea nos impõe.

Agora, no vemos lançados num vácuo, onde essas preocupações estão em suspenso, e nos vemos obrigados a pensar na vida e no que realmente importa. A noção de tempo mudou, as emoções e sentimentos ganharam mais espaço, e não estamos acostumados com isso. O encontro consigo mesmo se faz inevitável, e assusta. A princípio é angustiante descobrir tantos sentimentos que nos habitam. Mas se estivermos abertos à reflexão, junto com eles podemos encontrar também nossas potencialidades, perceber o que realmente importa, do que gostamos, o que podemos fazer, planejar o futuro com mais clareza do que desejamos…

Futuro sim, porque esses tempos difíceis passarão. Mas, enquanto isso, podemos aproveitar para organizar essa confusão de sentimentos, organizar a casa, nos conectar com pessoas queridas, aprender uma receita nova, ler um livro… Sabendo que todos, no mundo todo, estamos passando por isso juntos, embora cada um na sua casa.

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