Eliana Mello (Psicanalista e Didata SPRJ)

Falar desse momento é tentar traduzir em palavras aquilo que não temos nenhum registro no nosso repertório de vida. É falar de algo que se colocou nas nossas vidas sem nenhum sinal: chegou chegando, nos invadindo, pedindo mudanças bruscas em todos os setores do nosso dia a dia.

Afetou fundamentalmente, os 2 pilares da Existência: Tempo e Espaço. A noção do tempo, completamente alterada na medida em que temos que ficar “confinados” no mesmo espaço.

Vai se perdendo a noção do dia, os dias tendendo a ficar todos iguais. Isso significa que estamos sendo forçados a buscar dentro de nós recursos criativos para criar uma rotina dentro do espaço restringido. E urge cuidarmos do nosso equilibrio psíquico através de tornamos os dias e as noites diferentes, criando rotinas alegres e prazerosas.

 Não é, então, momento para alimentarmos o pânico mas não é sem medo. O medo nos impele a querer cuidar mais de nós e de todos a nossa volta. O medo nos juntou em uma grande rede pela vida para podemos combater o vírus!

E perceber que estamos todos no mesmo barco: rico, pobre, branco, preto, amarelo…

E pode ser uma virada crucial para o nosso planeta,um divisor de aguas: obrigados a parar, estamos tendo tempo para ver o que de fato tem importância. No nosso dia a dia damos importância a tantas coisas que na realidade não tem nenhum valor. E agora debruçado em tamanha restrição e receio, vamos quem sabe, quando tudo isso passar, redimensionar o viver e a nossa relação com a Existência e o Planeta.

Freud, nos diz, “os neuróticos inventam problemas para não se deparar com a Miséria Humana”, e agora, ela se colocou com todas as cores e perigo. Que possamos fazer desse encontro com o REAL, uma possibilidade futura para quem sabe evitar novas repetições semelhantes, não deixando que isso aconteça de novo!

(O material publicado é de responsabilidade única de seu autor)

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