Crianças e adolescentes em quarentena – Tânia Pedrozo (Membro Didata da SPRJ)

Vivemos uma situação inédita com a pandemia do coronavírus que gera medos, incertezas, demandando das crianças e dos adolescentes uma participação na vida inteiramente diferente daquela que é a usual nessas faixas etárias. Nesse desconhecido, eles são chamados a ocupar outros lugares na família e em seu aprendizado escolar.

Poucos adolescentes e raras crianças têm autodisciplina para seguir uma rotina de atividades pedagógicas fora da escola e por tempo indeterminado. As crianças, assim como os adolescentes, sentem falta do convívio diário com os colegas. Quando já possuem acesso à internet, eles se falam, jogam em parceria e fazem contato por vídeo.

Nessa quarentena, as escolas, em sua maioria, oferecem atividades pedagógicas, mas, em geral, são poucas as aulas virtuais. Aos pais cabe monitorar o estudo e a realização dos deveres escolares. Não é tarefa fácil.

Os adolescentes, por sua vez, estão em uma fase onde a maior parte dos interesses não são pedagógicos. Longe disso. São tantos os apelos: mensagens nas redes sociais, filmes e séries na TV, jogos eletrônicos, conquistas amorosas, etc., que a aprendizagem oferecida pela escola precisa ser muito estimulante para conquistar a atenção desses alunos. O que dizer, então, do ensino à distância substituindo a aprendizagem presencial? É um mundo novo para professores, alunos e pais, portanto uma experiência de ensaio e erro para todos.

Talvez, o maior ganho desse período de isolamento social seja a proximidade mais intensa de filhos e pais, irmãos entre si, bem como a participação dos filhos nas tarefas caseiras. E isso não é pouca coisa!

O momento atual ensina, sim, mas, não se trata de aprendizagem formal. Crianças e adolescentes estão tendo a oportunidade de aprender algo que não é mensurável, porém fundamental para a formação das pessoas: o valor das trocas afetivas na família e o poder que elas têm de contribuir para a construção psíquica, fortalecer a auto-estima, proporcionando assim condições para lidar com os desafios e com as exigências que fazem parte do viver.

Tânia Pedrozo (Membro Didata da SPRJ/Psicanalista de Criança e Adolescente).

(O material publicado é de responsabilidade única de seu autor)

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